Como saímos de importadores para nos posicionarmos nos lugares mais altos do pódio na produção agrícola? Essa pergunta tem sua origem há 50 anos e toda a economia nacional deveria tomar como exemplo.
Na década de 60, o país era um grande importador de alimentos, produtos básicos para a subsistência da população. Isso foi se transformando vertiginosa e exponencialmente de modo que, ao chegarmos aos dias atuais, temos atualmente mais de 1,5 bilhões de pessoas consumindo alimentos produzidos pelo Brasil. Com produção crescente e recordes sucessivos em todos os setores, o agronegócio brasileiro está consolidado como um pilar que, ano após ano, quebra recordes de produção, investimentos no setor e com posição de destaque quando os assuntos são receita, inovação e capacidade de projeção.
Figura 1: Saldo da Balança Comercial Brasileira de 2008 a 2019 (em US$ bilhões)
Fonte: CNA (2020)
Os números são impressionantes e enchem de orgulho o setor agro que grita a plenos pulmões: “o Agro não para”. E não é pra menos. O crescimento faz jus ao jargão e, no último dia 08 de julho, o IBGE, através dos dados do levantamento sistêmico de produção agrícola, divulgou a previsão de produção da safra 2020. A previsão é de 247,4 milhões de toneladas, representando um crescimento de 2,5% em relação ao ano anterior. Estes números, atrelados aos preços de mercado, devem manter o crescimento e a contribuição do setor agro para o Brasil.
Entrando mais a fundo na análise do agro, vemos um crescimento da produção de milho e a sua distribuição dentro da cadeia de produção e transformação. Parte importante de toda a produção agrícola do país é direcionada para outro setor agrícola que tem contribuído massivamente para o superávit do setor. A avicultura, suinocultura e bovinocultura juntas consomem 67% de todo milho que fica no Brasil, conforme dados divulgados pelo SPA/MAPA.
*Inclui, além do não consumo por uso como semente, as perdas de caráter qualitativo.
**Disponível para exportação e formação de estoque de passagem.
Fonte: AVISITE (2020).
Todos os números nos enchem de orgulho, mas não podemos deixar de olhar para algo que pode ser uma das maiores oportunidades para aumentarmos a nossa eficiência e lucratividade.
Segundo os dados, 10% de tudo que fica no país representa perdas / sementes. Portanto, considerando que as sementes se convertem de forma muito eficiente, nos sobra um ótimo percentual de margem para trabalharmos referente a perdas.
Ao analisarmos as perdas, podemos segmentá-las em duas categorias: quantitativas e qualitativas. A primeira, mais fácil de mensurar, ocorre desde o processo de colheita até o último processo logístico, sendo que existem perdas em todas as etapas. A segunda categoria oculta perdas mais difíceis de mensurar e pode trazer prejuízos incalculáveis.
Se utilizarmos como exemplo o milho, que tem 67% do consumo direcionado para a alimentação dos plantéis brasileiros e 18% destinados para a indústria e em muitos casos indo diretamente para a alimentação humana, e analisarmos os impactos provocados pelas perdas qualitativas – citando como exemplo: má qualidade de armazenagem por fungos (considerando que nossos armazéns não são suficientes para estocar a produção nacional), micotoxinas de armazenagem e seus efeitos na saúde humana e animal, restrições nas exportações que fazem com que materiais com pior qualidade sejam retidos para consumo interno, acarretando em alto custo para reduzir os impactos de fungos e micotoxinas -, dificilmente chegaremos a uma equação tão precisa quanto aos 10% citados anteriormente, deixando apenas a certeza de que há muito espaço para melhorarmos em qualidade e reduzir custos.
É preciso olhar para este cenário e avaliar o quanto ele pode impactar em cada uma das espécies que consumirão o grão que está disponível para o Brasil e os seus impactos, seja na avicultura, suinocultura ou bovinocultura.
Há uma tendência de aumento expressivo do mercado, com a migração do “boi à pasto” para o “boi no cocho” e do gado leiteiro de baixa para alta produtividade. Em 2019, essa migração representou 7% do milho consumido no Brasil e deve continuar crescendo. O produtor tem aproveitado o momento propício em que, mesmo diante de crises como a enfrentada no momento atual, o mundo precisa de alimento. Assim, a média de crescimento dos últimos anos, que vinha girando próxima de 6%, deve subir ainda mais.
Na suinocultura, graças ao forte sistema de biossegurança, capacitação de equipes e barreiras sanitárias, nos mantemos longe dos problemas restritivos. Com isso, o crescimento segundo as projeções deve se manter na casa de 4% e as exportações seguem firmes. Apesar das variações de mercado, o consumo de milho deve seguir aumentando neste mercado que respondeu por 17% do consumo já em 2019 e que sofre bastante com os impactos provocados pelos preços e qualidade dos grãos.
A avicultura também segue a mesma tendência de crescimento e o MAPA já projeta para o período entre 2019/20 e 2029/30 o maior crescimento frente a carne bovina e suína, chegando a 28,1%. Ainda segundo o Ministério da Agricultura, a proteína avícola deve liderar o ranking de consumo de carne, avançando 27,6% nesta década. Logo, cabe a nós lembrar que a avicultura, que respondeu por 43% do consumo de milho no brasil em 2019, seguirá forte no consumo do grão e crescendo em produção. O impacto da qualidade dos grãos não é diferente para a avicultura visto que aproximadamente 70% do custo do frango na plataforma é gerado com rações e problemas na qualidade do alimento produzido, o que interfere diretamente nos resultados.
Observando o tema a partir de um ponto de vista otimista para a produção agrícola nos próximos anos, com base em todos os relatórios produzidos pela FAO e pelo MAPA, quando a demanda de alimento só crescerá, o produtor deve se cercar de cuidados para aumentar a sua lucratividade. Para que isso ocorra, é importante se atentar para o tipo de alimento que ele está disponibilizando para o plantel, já que a alimentação tem grande impacto nas margens e resultados independente da espécie.
Além disso, os danos, aumentos de custos e prejuízos gerados por matérias primas de baixa qualidade são difíceis de mensurar antecipadamente. Buscar identificá-los, aprimorá-los e tratá-los preventivamente são atitudes necessárias, uma vez que tais problemas são ainda mais difíceis quando são sentidos no bolso. A velha máxima ainda vale neste caso em que prevenir é sempre melhor que remediar.
A terra de diatomáceas já é amplamente utilizada em diferentes partes do mundo e, aqui no Brasil, vários estudos realizados pela Embrapa e outras instituições e pesquisadores mostram que a terra diatomácea é uma excelente alternativa para o controle de insetos.
Existem muitas diferenças entre os tipos de diatomáceas. A terra de diatomácea certa deve agir no interior do silo, criando um ambiente desconfortável para os insetos, reduzindo a água livre e eliminando a formação de fungos e micotoxinas de armazenagem. Também deve manter a integridade dos grãos de forma que, mesmo após um longo tempo de armazenagem, se aplicarmos as quantidades certas para cada condição de armazenagem, ao utilizarmos os produtos como matéria prima para a alimentação animal, colocamos exatamente aquilo que desejamos: um grão livre de insetos, fungos, micotoxinas e com a sua qualidade nutricional preservada. E o que é melhor, tudo isso de forma ecológica, atóxica, confortável e absolutamente segura, tanto para os animais que consumirão o produto final, quanto para as pessoas que farão o seu manuseio.
Problemas como os qualitativos citados nesta matéria têm impactos significativos na lucratividade do negócio e a melhor forma de controlá-los é seguindo o DNA do agro que vive em constante desenvolvimento. O passo certo está em sair do convencional, buscar produtos e tecnologias inovadoras e agir preventivamente na conservação e na manutenção da qualidade dos grãos produzidos e armazenados neste país continental onde o “Agro realmente não para”.
Sobre a Cinergis
A Cinergis é uma empresa de nutrição e saúde animal que oferece soluções customizadas destinadas às várias etapas produtivas — ração, animal, ambiente —, contribuindo para a segurança alimentar.
Referências bibliográficas:
AVISITE. Avicultura é quem mais consome milho no Brasil. 2020. Disponível em: https://www.avisite.com.br/index.php?page=noticias&id=21170
CNA BRASIL. Panorama do Agro. Disponível em: https://www.cnabrasil.org.br/cna/panorama-do-agro
Artigo postado originalmente em: https://nutrinewsbrasil.com/brasil-o-pais-onde-o-agro-nao-para