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Uso da terra de diatomáceas na armazenagem de grãos e sementes

Paulo Martinez

Coordenador Comercial Cinergis

A produção mundial de grãos é superior a 3 bilhões de toneladas. No Brasil, a safra estimada para 2022/2023 é de 317,6 milhões de toneladas, de acordo com levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em julho de 2023, o que representará uma das maiores safras já produzidas, com um aumento de 16,5% (44,9 milhões de toneladas) em relação à safra anterior.

Se pegarmos somente o milho para comparar, o Brasil hoje é o terceiro maior produtor mundial tanto em área como em produção (Conab), só perdendo para EUA e China, sendo que para a safra 2022/2023 há uma expectativa de 127,8 milhões, equivalente a um acréscimo de 12,9% (14,6 milhões) acima da safra 2021/2022.

Não temos só notícias boas, pois vem aí mais uma colheita recorde de grãos, e o problema do setor continua o mesmo: não há espaço suficiente para guardar o que foi colhido, pois o Brasil tem um déficit de 115 milhões de toneladas em armazenagem e, além disso, mesmo que haja a estocagem, estima-se que podem haver perdas de até 30% e destes, 10% seriam atribuíveis à infestação por pragas (SCHÖLLER et al., 1997).

Entre as principais pragas de grãos armazenados, destaca-se o Besourinho dos cereais (Coleóptero), o Gorgulho dos cereais (Sitophilus oryzae e Sitophilus zeamais) e a Traça dos cereais (Lepidóptero).  O Sitophilus zeamais Motschulsky, vulgarmente conhecido como Gorgulho do milho, que se caracteriza como praga primária, acomete grãos inteiros e sadios, sendo o seu controle de fundamental importância econômica, já que é considerado como um dos responsáveis na deterioração de grãos de milho armazenados. Já o Besouro-castanho (Tribolium castaneum), popularmente conhecido como caruncho, são pragas secundárias com potencial devastador, inclusive superior às pragas primárias.

A eliminação destas pragas se dá usualmente por meio de inseticidas sintéticos e cujo uso desenfreado pode selecionar populações de insetos resistentes de maneira crescente. Com isso, há uma busca constante por ferramentas que auxiliem no controle dessas pragas, sendo o uso de terra de diatomácea, uma das alternativas (COSTA, 2018).

A terra de diatomáceas é composta por extrato de algas diatomáceas fossilizadas, que passaram pelo processo de secagem e moagem, sendo o dióxido de silício o componente predominante.

As diatomáceas são organismos marinhos fundamentais para alimentação direta ou indireta dos animais e estima-se que haja cerca de 250 gêneros e 100.000 espécies (SILVA, 2007). Elas podem ser divididas em dois grupos quanto à simetria: cêntricas e penadas. As primeiras possuem simetria radial, flutuam com facilidade e são facilmente encontradas em lagos e ambientes marinhos e tem vários cloroplastos. Já as diatomáceas penadas possuem simetria bilateral e apenas dois cloroplastos.

As diatomáceas cêntricas são as que apresentam melhor resultado quando falarmos de absorção de água livre nos silos e na desidratação das pragas encontradas nos mesmos, com uma capacidade de absorção da água de até 132% do próprio peso, sem aumentar de volume.

Vários estudos mostram a eficiência da terra de diatomáceas no tratamento de grãos armazenados.  Trata-se de um produto seguro para operadores e consumidores dos grãos. O grão tratado pode ser consumido imediatamente, não precisando esperar um período de carência do produto (Banks & Fields, 1995).

O modo de aplicação do produto é simples, sendo misturado, na dose de 1,0 kg/tonelada de grãos limpos e secos.

Principais benefícios:

  • Redução da necessidade de manutenção dos silos
  • Redução de custos com passivo trabalhista
  • Redução de riscos de acidentes por emissão de gases
  • Auxílio na eliminação dos insetos
  • Controle da umidade interna dos silos
  • Eliminação de condições ambientais que favoreçam a proliferação de fungos e consequentemente produção de micotoxinas
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