Os produtores de frangos recebem informações sobre a retirada dos promotores de crescimento antibióticos (APC) tanto pelos consumidores, que desejam isso intensamente, quanto pelos produtores de suplementos e aditivos para alimentação animal, que estão divididos em “contra” e “a favor”.
Recebemos visitas de técnicos dessas empresas que trazem informações antagônicas, sempre em linha com as posições de seu empregador, muitas vezes de interesse comercial, defendendo arduamente a manutenção do uso dos APC ou sua retirada. Metade das vezes, recebemos informações antigas, que se repetem há décadas do mesmo modo, defendendo a manutenção inquestionável dos APC. Argumentam coisas pré-históricas como sendo interesse dos países concorrentes que retiremos de uso os APC para encarecer nossa produção através da piora de performance. Recomendam inclusive tratamentos preventivos usando doses curativas de antibióticos, provocando disbiose no plantel e eliminando a microbiota intestinal que é hoje a principal maneira natural de proteção a salmoneloses e outras zoonoses entéricas. Outras vezes, recebemos técnicos atualizados, que conhecem as posições das duas principais escolas de nutrição avícola que influenciam os brasileiros – a escola europeia e a americana. Ambas as escolas, desde janeiro deste ano, estão em sintonia pela retirada e possuem conhecimento das opções de substituição aos APC que podem trazer resultados zootécnicos e econômicos melhores e de modo mais natural.
Temos também que acompanhar a legislação do MAPA, que procura atender às necessidades do mercado interno e de exportação que caminham de modos diferentes. O MAPA faz um trabalho excelente procurando retirar de uso os aditivos que comprovadamente devem ser excluídos, devido às exportações ou à saúde humana, dando tempo aos fabricantes para se adaptarem às novas regras.
A grande maioria dos técnicos ainda desconhece os resultados do projeto genoma humano encerrado em abril de 2003 e desencadeou um novo projeto, o MICROBIOMA, ainda em andamento, que identificou a presença da microbiota nos homens e nos animais e todas as vantagens de mantê-la e incrementá-la, trazendo resultados benéficos desconhecidos no século passado. Desde essa época, os APC perdem espaço e surgem alternativas cada vez mais atualizadas e com custo-benefício favorável.
Inicialmente, estimava-se que o projeto do MICROBIOMA duraria cerca de dez anos, até 2014, mas tantas coisas foram descobertas que ele ainda está em andamento, em pleno 2017, e deve durar ainda muitos anos. Desse projeto criou-se uma nova maneira de melhorar os resultados zootécnicos de modo natural e muito mais eficiente e saudável: a manipulação da microbiota.
A ciência e a pesquisa criaram quatro grupos de produtos usados atualmente para incrementar os benefícios da microbiota na produção animal: os óleos essenciais e fitoterápicos, os ácidos orgânicos de cadeia curta e média, os prebióticos que alimentam as boas bactérias e os probióticos compostos de bactérias benéficas e colonizadoras do intestino.
Nós, avicultores, esperamos que os técnicos atualizados desenvolvam ferramentas com esses quatro grupos de produtos, aproveitando a sinergia que há entre eles em suas diversas combinações e também usando conjuntamente os APC, enquanto forem permitidos pela legislação brasileira.
Esperamos também que os empresários brasileiros desenvolvam produtos competitivos produzidos em nosso país para que, somados aos produtos importados, possamos produzir carne e ovos com qualidade e livres de contaminantes, sem desenvolver resistência bacteriana, incrementando as ferramentas naturais saudáveis que a ciência está disponibilizando em todo o mundo.